23 dezembro, 2017

A Verdadeira BRANCA DE NEVE


O conto de fadas A Branca de Neve e os Sete Anões, dos Irmãos Grimm, já deu asas à imaginação de várias gerações. Mas fatos sugerem que a heroína das crianças tenha sido mais do que uma simples personagem fictícia.

Milhões de pessoas conhecem o conto de fadas da Branca de Neve, a bela princesa que escapa de sua madrasta invejosa e vai viver na casa de sete anões. Na história escrita pelos alemães irmãos Grimm em 1812, a madrasta má tenta matá-la depois de seu espelho mágico lhe dizer que Branca de Neve é "a mais bela de todas".

Moradores da cidade alemã de Lohr am Main, próxima a Frankfurt, gostam de acreditar que o espelho mágico realmente existe. Na verdade, ele está na cidade, exposto no Museu Spessart. Isso é porque, de acordo com algumas fontes, a menina que inspirou o conto de fadas, de fato viveu em Lohr am Main.

Entretanto, a verdadeira Branca de Neve, Maria Sophia Margaretha Catharina von Erthal, era um pouco diferente da princesa da história. Ela era de origem nobre e nasceu no ano de 1729 no castelo de Lohr, que hoje abriga o Museu Spessart. Ela também tinha uma madrasta dominadora: Claudia Elisabeth Maria von Venningen.


Eckhard Sander e suas pesquisas

Segundo o pesquisador e estudioso alemão Eckhard Sander, que escreveu um livro, fruto de suas pesquisas, intitulado 'Branca de Neve: É Um Conto de Fadas?', lançado em 1994.

O livro de Eckhard Sander
Margaretha de Waldeck, nasceu em 1533, filha do Conde alemão Philip IV, da casa real de Waldeck-Wildungen. Em 1546, aos 16 anos de idade, Margarete foi obrigada por sua madrasta, Katharina de Hatzfeld – com quem não tinha um bom relacionamento -, à mudar-se para Bruxelas. Na Corte de Bruxelas, ela chamaria à atenção de ninguém menos que o príncipe Filipe (futuro Filipe II da Espanha), apaixonado-se e tornando-se sua amante, para desgosto de sua madrasta, que intrometia-se sempre na vida de sua enteada.

No entanto, a ideia de que a jovem pudesse tornar-se uma princesa, foi insuportável para o pai de Filipe, Carlos V, que via na união de seu herdeiro com a jovem, um matrimônio politicamente desvantajoso. Sander escreveu que von Waldeck morreu aos 21 anos de idade, em 1554, envenenada por autoridades espanholas às ordens do pai de seu amado.

De acordo com sua pesquisa, o método de utilizar veneno, foi escolhido para afastar a suspeita de um assassinato, justificado então, por uma doença degenerativa. Sander também citou evidências para sua alegação, como o testamento que a jovem escrevera pouco antes de morrer, com uma caligrafia frenética e torta, mostrando os típicos sintomas de uma vítima de avançado estágio de envenenamento.

Embora não possamos afirmar se von Waldeck fora de fato morta por veneno, uma coisa é certa, contrariando a história tradicional, a jovem não fora assassinada por sua madrasta, que já havia falecido antes de sua morte. Mesmo não sendo exatamente igual ao conto de Branca de Neve, a história traça bastante paralelos em comum. Margarete era uma bela jovem alemã, atormentada por sua madrasta malvada, que apaixona-se por um príncipe e é envenenada. Sander apontou outras similaridades entre a Branca de Neve fictícia e von Waldeck, sendo uma delas, a maçã envenenada.

Ele acredita que a maçã fora acrescentada à história de von Waldeck, após um acontecimento histórico na Alemanha, onde um homem foi preso após dar à crianças que ele acreditava que o haviam roubado, maçãs envenenadas para que pagassem por seus crimes. Ele também apontou que, assim como no conto dos Grimm, Margarete possuía os cabelos louros. Outro ponto interessante, é que a jovem cresceu na região de Bad Wildungen em Hesse, Alemanha, onde crianças que trabalhavam em condições precárias em uma mina de extração de cobre, eram referidas como ”anões”.

Os passos da princesa 

Os detalhes da história também podem ser acompanhados no museu, incluindo a trama de assassinato e a fuga de Branca de Neve pelas montanhas até chegar à casa dos sete anões. Na verdade, os anões eram provavelmente crianças que eram usadas como trabalhadores, como citamos acima.

Acredita-se que a rota de fuga da Branca de Neve tenha sido de 35 quilômetros por meio da cadeia de montanhas de Spessart, uma das maiores áreas de floresta decídua da Alemanha. Sinais ao longo da rota dão aos visitantes a chance de aprender mais sobre a ligação das florestas com os contos de fadas.

O posto de informações turísticas em Lohr am Main oferece programas especiais de caminhadas. Também fornece informações sobre atrações locais, como a cidade velha, com suas casas em estilo enxaimel, o histórico bairro dos pescadores e a antiga câmara municipal.

É claro que a atração imperdível da cidade é o castelo de Lohr e o Museu Spessart, que abriga uma coleção de espelhos fabricados na região. 


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