09 outubro, 2019

A Verdadeira História de CINDERELA

Muitos estão familiarizados com a narrativa apresentada nos filmes da Disney, no entanto, a história da princesa do sapatinho de cristal tem registros de 860 anos a.C e tratam de assuntos trágicos.


Por Fábio Previdelli 

A história da Cinderela é um conto popular que se tornou famoso no mundo todo devido ao grande sucesso que teve após adaptações feitas pela Disney. No entanto, a animação de 1950 e o live action de 2015 contam uma história muito mais amena e social do que suas versões primitivas, que tratam de assuntos como assassinatos e mutilação.

A alternativa mais antiga que se tem registro é a narrativa chinesa de Ye Xian, datada do ano 860 a.C. Além dela, outras que se tornaram mais conhecidas são a apresentada pelos Irmãos Grimm e por Giambattista Basile.

Confira abaixo alguma das versões mais antigas e mais sangrentas da princesa do sapatinho de cristal.

Rhodopis

A versão oral mais antiga que se tem conhecimento na Europa é a história grega de Rhodopis, uma cortesã grega que viveu na colônia de Naucratis, Egito. A história foi registrada pela primeira vez pelo geógrafo e filósofo grego Estrabão.

Segundo o conto, uma águia pegou um par de sandálias de uma empregada e as levou até Mênfis, no Egito. Chegando lá, o animal soltou o calçado no colo de um rei, que ficou extasiado tanto pela bela forma das sandálias quanto pela estranheza da ocorrência. Assim, enviou seus homens em todas as direções do país em busca da dona do calçado. Quando ela foi encontrada, o rei se casou com ela.

La Fresne

Essa versão do século 12 d.C, escrita por Maria da França, narra a história de uma mulher nobre que abandona uma de suas filhas recém-nascidas. A motivação do desamparo se dá pela crença da época que dizia que uma mulher que engravidava de gêmeos seria infiel, já que eles seriam oriundos de pais diferentes.

Sendo assim, ela deixa uma de suas filhas do lado de fora de uma abadia. O bebê é encontrado por um porteiro que a entrega a uma gentil abadessa. A menina recebe o apelido de Le Fresne e, quando adulta, se apaixona por um nobre cavaleiro.

A união é vista como impossível, já que ele tem que manter uma relação com alguém da nobreza e se casar com uma qualquer significaria o fim de sua linhagem. O nobre acaba sendo convencido a se casar com outra mulher, que, por ventura, é a irmã gêmea de Le Fresne. A ligação das duas é revelada no dia do matrimônio, que é interrompido para que ele se case com quem realmente ama.

Ye Xian

A versão asiática é datada por volta de 860 a.C. Nela, Ye Xian é filha de um líder tribal local que morreu quando ela ainda era muito jovem. Como sua mãe faleceu ainda mais cedo, seu pai acabou se casando com outra mulher, a qual ficou incumbida de cuidar de Ye Xian. Porém, ela é constantemente abusada e só encontra paz quando faz amizade com um peixe, que é a reencarnação de sua mãe.

Sua madrasta e sua meia-irmã matam o animal, mas Ye Xian salva os ossos do bicho, do qual ela descobre que são mágicos. Assim, ele a ajuda a se vestir adequadamente para um festival local. Calçando um sapato dourado, ela é reconhecida por sua família adotiva, que a expulsa do festival.

No meio da confusão ela perde seu calçado, que é encontrado por um rei de uma ilha marítima. Ao procurar a dona do sapato, ele chega à casa de Ye Xiang e se apaixona por ela. Assim, o monarca a resgata de sua cruel madrasta e os dois se casam.     

A versão dos Irmãos Grimm e outras histórias sangrentas

Apesar das versões apresentadas serem muito semelhantes com aquelas que estamos acostumados a ouvir. Outras interpretações do conto são muito mais macabras e assustadoras. Um exemplo é a contada pelos Irmãos Grimm. Para eles, a história de Cinderela era muito mais sangrenta.

Nela, a gata borralheira plantou uma aveleira no túmulo da mãe e a regou com lágrimas. Na árvore morava um pássaro, que a cobriu de ouro para três dias de baile. No terceiro dia, o príncipe pegou o sapatinho da desconhecida.

Na hora de experimentar nas donzelas do reino, uma irmã de Cinderela cortou o dedo do pé e a outra o calcanhar. Claro, o sapatinho só serviu na dona. E, no dia do casamento, duas pombas perfuraram os olhos das irmãs.

Pode até parecer assustador, mas essa não é a única narrativa com um final escabroso. Em uma das histórias, a moça vira empregada para fugir do assédio sexual do pai. Em outra, a madrasta, tentando matar a enteada, joga uma de suas filhas na fogueira. Numa terceira, a madrasta deixa Cinderela sem comer, numa época em que a fome rondava as aldeias.

Há outra, registrada por Giambattista Basile na coletânea Pentameron, do início do século 17, em que o pai de Cinderela casa-se com uma mulher que a trata mal, quando ela queria que ele se casasse com a governanta. Cinderela, então, assassina a madrasta.


08 outubro, 2019

O Ilustre Desconhecido

O Rio de Janeiro é uma cidade bastante cosmopolita. Gente de todo lugar vem passar férias aqui, acaba se apaixonando e ficando de vez. A cidade é realmente bonita, mais por sua natureza e proximidade entre montanha, floresta e mar.

Como toda cidade grande, o Rio também tem seus problemas, mas nós cariocas e algumas pessoas de fora que vieram morar aqui, logo aprendemos a lidar com estes contratempos de forma muito peculiar.

Meu nome é Alexander Zimmer. Sou escritor, ator e cineasta. Também sou entusiasta de assuntos pouco ortodoxos e considerados por alguns, no mínimo, duvidosos. Mas sou da opinião de que não se deve bater o martelo em relação a algo que não tenha sido analisado profundamente. Como diz o velho ditado: onde há fumaça, há fogo.

Partindo deste princípio, nunca fui uma pessoa de aceitar “achismos” de ninguém. Sempre que algum assunto desperta minha atenção, procuro saber um pouco mais e acabo por mergulhar fundo na questão.

Possuo uma biblioteca extensa sobre assuntos dos mais diversos, sobretudo, relacionados ao sobrenatural, arqueologia proibida, ufologia e… extraterrestres. Digo biblioteca, mas nisso também estão incluídos filmes, vídeos e recortes. Tenho mesmo muito material relacionado e, muitos deles, verdadeiras raridades; alguns garimpados a muito custo e outros, resultado de incursões e experiências pessoais.

Não preciso me estender muito sobre mim. Não sou a parte importante deste livro e até a presente data em que o escrevo, sou autor de dois outros romances: “A Maldição da Lua” e “Anne Blind entre Luz e Trevas”, o primeiro lançado pela extinta Editora Faces e o segundo lançado pela Editora Viseu. Porém, aqui faço apenas o papel de repórter. Na verdade, nem fui atrás do assunto em questão; ele veio atrás de mim – de certa forma. Bom, vamos por partes. Prometo que vou tentar sintetizar o máximo possível, para que a leitura não se torne enfadonha e redundante.

Apesar de não ser um investigador profissional e nem um ufólogo de verdade, sempre me interessei pelo assunto, a ponto de ir a simpósios e editar um blog, cujo conteúdo versa sobre diversos assuntos não muito ventilados pela mídia dita “oficial”, mas, sobretudo, a respeito do fenômeno UFO e de extraterrestres. O nome do blog é Filosofia Imortal (FI). O FI tem, atualmente, pouco mais de duas mil visitas por dia, de diversas partes do mundo. Mesmo no blog, procuro não emitir uma opinião definitiva sobre nada. Antes, deixo sempre a discussão em aberto, de forma que o leitor possa sempre tirar suas próprias conclusões, servindo também como incentivo para que o mesmo procure pesquisar mais sobre os assuntos de seu interesse. 

O blog funciona mais como um aglutinador de várias informações garimpadas na Internet, facilitando assim que o leitor consiga acessar tudo que possa interessar de forma rápida e com o frescor das constantes atualizações. E foi através do FI, que um dia recebi um e-mail, cujo autor se deixava conhecer apenas pelo nome de Hamilton e que reproduzo abaixo:

Sr. Editor
Antes de mais nada, gostaria de pedir sua atenção por alguns minutos.
Adquiri seu romance A Maldição da Lua e sou leitor assíduo de seu blog, não porque seja um grande entusiasta dos assuntos ali postados, mas porque um determinado tema tem muito a ver com minha experiência de vida.
Vivi muitas coisas em meus 45 anos de vida e gostaria que esta vivência não ficasse perdida. Inclusive, não é apenas de minha opinião que a história que gostaria que ficasse apenas guardada em minha lembrança, deva ser compartilhada com o público. Por isso escolhi entrar em contato com o senhor, de forma que pudéssemos conversar sobre o assunto e que tivéssemos a oportunidade de saber se seria de seu interesse, escrever um livro sobre tudo que tenho para contar. Caso não se interesse em absoluto pela minha história, compreenderei perfeitamente sua recusa, sem quaisquer ressentimentos. Reconheço mesmo, que o assunto pode ser, por demais, polêmico e não seria o senhor, creio eu, o único a recuar diante de minha proposta. Atitude que consideraria bem natural.
Obviamente, que não podemos falar sobre o assunto através de correio eletrônico, por isso, coloco-me a sua inteira disposição para um encontro, em local e horário de sua escolha. Peço apenas, que seja um local onde possamos conversar sobre assunto sério, sem sermos importunados por “curiosos”, apesar de local público, para que o senhor se sinta seguro.
Sendo assim, deixo meu telefone de contato. Ou se preferir, pode responder-me pelo próprio correio eletrônico.
Grato.
Hamilton


Obviamente que fiquei extremamente curioso com o e-mail do tal Sr. Hamilton. Mas ao mesmo tempo, fiquei com o pé atrás. Apesar de o texto ser respeitoso e até cuidadosamente escrito, deixando transparecer uma pessoa culta, confesso que não sabia se podia confiar em algo assim. No entanto, sendo uma história realmente especial, como o Sr. Hamilton prometia, não aceitar seria desperdiçar talvez uma boa história. Mais tarde, percebi que era muito mais do que uma boa história… muito mais do que isso. Graças a Deus não recusei.

Apesar da vontade de responder a mensagem por e-mail, fiquei reticente. A insegurança comum de saber se deveria dar atenção e levar a frente algo que poderia vir da mente de algum maluco. Vai que o cara é um psicótico ou coisa pior? Mas também, se eu não arriscasse, nunca saberia de fato o que estaria, por acaso, perdendo. Além do mais, ele mesmo sugerira que nos encontrássemos num local público.

Peguei o telefone, olhei para as teclas durante algum tempo e, num ímpeto, disquei os números. O telefone tocou quatro vezes, antes que alguém atendesse. Uma voz rouca, mas, ao mesmo tempo, jovial, sem perder em seriedade, respondeu. Identifiquei-me e logo começamos um papo mais descontraído, falando sobre o blog e diversos assuntos, antes de finalmente entramos no assunto em questão e que deveria levar a um possível livro. Como o papo era por telefone, não nos estendemos muito, por questões obvias. Então, marcamos um encontro no dia seguinte, uma sexta-feira, no restaurante Amarelinho, no bairro da Cinelândia, centro do Rio, às quinze horas, de forma que não pegaríamos o horário de almoço e nem a hora do rush, em que todo mundo sai de seus empregos e lotam tradicionalmente os bares, para um chopinho antes de ir para casa.

Cheguei meia-hora antes, de forma que pudesse estar atento e ver a chegada do ilustre desconhecido e, de repente, perceber algo de estranho ou não, de forma a me precaver e saber se não me metera numa furada. Péssima ideia! O que consegui foi ficar quase neurótico, a medida que o tempo passava e se aproximava a hora de encontrar com o ilustre desconhecido de nome Hamilton. A única coisa que sabia sobre ele era seu nome. Acabei por não perguntar nada sobre sua aparência quando falamos ao telefone, então, de qualquer forma, seria uma incógnita até que ele se apresentasse ao chegar. Ele estava na vantagem, pois sou uma pessoa pública, fácil de reconhecer por fotos na Internet.

O tempo passou lentamente, como a querer me deixar cada vez mais entre ansioso e descrente de que aquilo pudesse render uma boa história de fato. Provavelmente seria mais um maluco que contaria uma história besta sobre discos voadores e extraterrestres, sem o menor embasamento e cheia de absurdos, que qualquer pessoa com o mínimo de sensatez recusaria de cara.

O relógio marcou quinze horas e um homem de cabelos castanho-claros acenou para mim do outro lado, vindo da direção do prédio da Biblioteca Nacional. Vestia-se de forma simples. Uma calça jeans, uma camisa italiana e tênis. Quando se aproximou da mesa, levantei-me e, cumprimentando-o, ofereci a outra cadeira, para que sentasse. 

Tinha um olhar calmo, porém que transmitia uma confiança e energia e que dava a clara impressão de que aquele homem, além de ter um bom coração, realmente possuía algo importante para contar. Não sei bem como explicar essa sensação, apenas estou descrevendo o que senti.

– Pois então, Hamilton. Você me disse que tinha uma história e gostaria de compartilhar com o público através de um livro escrito por mim.
– Isso mesmo, Alex. Você se incomoda que eu te chame de Alex?
– Absolutamente. Fique à vontade. Mas… por que não publica-la no blog?
– Isso até poderia ser feito, mas acredito que um livro é uma forma mais segura e concreta de divulgar tudo quanto tenho para lhe contar. Até porque a história é grande e cheia de detalhes, o que por si só já seria motivo para um livro, creio eu.
– Tá. Mas por que eu? Por que não outro autor?

Hamilton suspirou fundo e deu um sorriso enigmático, que até então me pareceu indecifrável.

 –Bem, você escreve muito bem e seu interesse pelo assunto demonstra uma imparcialidade. Você não puxa a brasa para a sardinha de ninguém. Isso nos agrada.
– Nos? O que você quer dizer com isso? Tem mais gente envolvida?
– Bom, tudo a seu tempo. Se eu adiantasse tudo agora, neste primeiro encontro, creio que teria que resumir demais e o assunto, se me permite, tem importância demais para ser resumido; coisas essenciais se perderiam. Portanto, peço sua paciência para que eu possa falar de tudo conforme acredito que deva ser contado.

Fiquei curioso com tudo que se passava. Não só a forma como ele falava, mas o quanto seu discurso era conciso. A verdade era que eu ficava cada vez mais interessado e curioso. Apesar de tudo, Hamilton era muito natural e tranquilo; uma tranquilidade de certa forma contagiante.

Alguma coisa me dizia que ele tinha realmente uma grande história e essa história, possivelmente mexera e muito com o ser humano que ele era. O fato é que ele era diferente de todas as pessoas que eu já conhecera na vida. Cheguei a questionar se eu não estava fantasiando isso, mas era evidente demais essa sua diferença, para que eu pudesse ignorá-la. Era algo bom. Definitivamente, bom! Muito embora eu não pudesse identificar especificamente o que era diferente!

– Veja bem. O que irei te contar não é apenas mais uma história. Se me permite dizer, é “A história”. Tudo pelo que passei mudou e muito minha própria vida, a forma como vejo o mundo e, consequentemente, como vejo o universo.
– O universo? Um pouco forte isso, não?
– Bastante. E não há nada de exagero. É a mais pura verdade. Bem… como gostaria que eu começasse? Talvez seja melhor começar bem do comecinho, não?
– Ora… Como você quiser, Hamilton. Eu to aqui para te escutar mesmo. Posso gravar tudo o que você vai dizer? Seria mais fácil para transcrever no computador, quando eu chegar em casa.
– Fique à vontade, Alex. É melhor mesmo que grave, pois assim fica mais fiel e você não precisa resumir tudo que eu digo, enquanto escreve. Só peço que estas fitas sejam apagadas, assim que o livro for publicado. O objetivo não é que o conteúdo acabe circulando pela Internet em forma de áudio. Caso contrário, eu mesmo poderia fazê-lo. É importante que o produto final tenha qualidade e fidelidade. Muitas das coisas que contarei precisaremos esclarecer e isso renderá muitas horas de conversa entre nós dois. Lembre-se que este é apenas nosso primeiro encontro e há muito o que ser contado e principalmente entendido.

Concordei com seu pedido, que me pareceu muito razoável. Peguei o pequeno gravador digital dentro da pequena mochila, liguei e coloquei em cima da mesa. 

E assim começou a história de Hamilton.

Trecho do livro "Entrevista com o Extraterrestre"
De Alexander Zimmer
Baseado numa história verídica e fantástica.
Lançamento em breve.

02 outubro, 2019

A Verdadeira História de A BELA ADORMECIDA

Sleeping Beauty, por Henry Meynell Rheam
A Bela Adormecida é um clássico conto de fadas cuja personagem principal é uma princesa, que é enfeitiçada por uma maléfica feiticeira por um dedo picado pelo fuso de um tear. (por vezes descrita como uma bruxa, ou como uma fada maligna) para cair num sono profundo, até que um príncipe encantado a desperte com um beijo provindo de um amor verdadeiro. É um dos contos mais famosos da humanidade atualmente.

Irmãos Grimm
A versão mais conhecida é a dos irmãos Grimm, publicada em 1812, na obra Contos de Grimm sob o título A Bela Adormecida (título original Dornröschen, "A Rosa dos Espinhos"[1]) [2]. Esta é considerada que tem como base tanto na versão Sol, Lua e Talia de Giambattista Basile, extraído de Pentamerone, a primeira versão a ser publicada na data de 1634[3], como na versão do escritor francês Charles Perrault publicada em 1697, no livro Contos da Mãe Ganso sob o título de A Bela Adormecida no Bosque[4], que por sua vez também se inspirou no conto de Basile.

Segundo o conto do Charles Perrault, a versão mais popular.

Na festa do primeiro aniversário da tão desejada filha dos soberanos de um reino encantado, foram convidadas sete fadas madrinhas, presenteando a criança com dádivas como a beleza, a inteligência, a riqueza, a bondade, etc.. No entanto, uma bruxa malvada ou fada malvada que fora negligenciada porque o rei tinha apenas sete pratos de ouro, interrompeu o evento e lançou-lhe como vingança uma maldição, cujo resultado seria a morte pelo picar do dedo num fuso quando a princesa atingisse a idade adulta. Porém, ainda restava o presente da sétima fada, que havia chegado atrasada. Assim sendo, esta suavizou o feitiço, transformando a maldição mortal da fada má num sono profundo, até o dia em que seria despertada pelo primeiro beijo de amor.

O rei proibiu imediatamente qualquer tipo de fiação em todo o reino, mas tudo foi em vão. Quando a princesa completou 16 anos, descobriu uma sala escondida numa torre do castelo onde encontrou uma velha a fiar. Curiosa com o fuso pediu-lhe para ensiná-la a usar a roca de fiar, picando-se nesse mesmo instante com o fuso. Sentiu então o grande sono que lhe foi destinado e, ao adormecer, todas as criaturas presentes no castelo adormeceram juntamente, sob um novo feitiço da 7ª fada piedosa. Com o passar do tempo, cresceu uma floresta de urzes em torno do castelo, isolando-o do mundo exterior e causando dor e morte a quem tentasse entrar, devido aos seus inúmeros espinhos. Assim, muitos príncipes morreram ou desistiram ao tentar encontrar a princesa, chamada de Bela Adormecida, cuja beleza era tão falada nas redondezas.

Após cem anos decorridos, um destemido príncipe enfrentou a floresta de espinhos, mesmo sabendo do perigo mortal, e finalmente conseguiu entrar no castelo. Quando encontrou a torre onde a princesa dormia, viu que era tão grande a sua beleza que se apaixonou e, não resistindo à tentação, deu-lhe um beijo que a despertou para a vida e, seguindo-se ao dela, o despertar de todos os habitantes do reino que continuaram suas vidas e afazeres de onde haviam parado há cem anos. Na versão de Grimm a história termina aqui, enquanto que na de Perrault segue com a continuação:

O príncipe e a bela princesa casaram-se secretamente e tiveram dois filhos: Aurora e Dia. Quando a mãe do príncipe (de descendência de ogres) soube disso ficou com vontade de comê-los, e ordenou a um caçador que os matasse e trouxesse, mas o caçador colocou animais no lugar onde deveria ter as crianças. A rainha, quando se apercebeu disso, enraivecida, mandou atirar as netas em um poço cheio de serpentes, cobras e víboras durante a ausência do príncipe, seu filho, que tinha ido caçar codornizes. Mas o príncipe chegou antes do tempo previsto, e a rainha, que já não podia fazer o planejado, cheia de ódio e medo ao filho, desequilibrou-se caindo dentro do poço onde morreu. A partir daí, a princesa e o príncipe "viveram felizes para sempre"!


Os nomes da princesa

Cada versão do conto tem um nome diferente desta personagem. Em Sol, Lua e Talia, ela tem o nome de Talia, cuja derivação provém da palavra grega Thaleia, que significa "o florescimento"[4].

Perrault, por sua vez, não lhe deu nome. Esta é simplesmente chamada como "a princesa", enquanto Aurora é o nome da filha da princesa. Porém Tchaikovsky transferiu o nome da filha para a mãe, sendo então Aurora o nome da princesa no filme da Disney.

Por fim, os Irmãos Grimm referem-se à princesa como a Bela Adormecida[5]. No idioma original é chamada, tal como no título, de Dornröschen, cuja tradução de dorn é espinho e de röschen é florzinha, diminutivo de flor. Algumas versões do conto traduzem o nome da princesa para Rosa do Espinheiro, Flor do Espinheiro ou Rosa de Urze, já que originalmente o reino no qual a princesa dorme é cercado por um extenso espinheiro, sendo a princesa então conhecida como "Rosa do Espinheiro" ou "Flor do Espinheiro".


As diferentes versões

No conto de Basile, a princesa Talia cai num sono profundo quando fica com um pedaço de linho encravado debaixo da unha. O rei, que já está casado, quando a descobre no castelo abandonado fica de tal maneira apaixonado que a violenta enquanto ela dorme. Apenas nove meses após esta visita que Talia acorda, altura em que dá à luz os dois infantes, o Sol e a Lua. Quando a rainha, esposa do rei, toma conhecimento da existência de Talia e dos seus dois bastardos, ordena imediatamente as suas condenações, porém esta acaba por morrer no próprio fogo que preparava para a princesa, deixando todos os restantes felizes para sempre. Resumindo , a princesa é estuprada por um rei e dá a luz a dois gêmeos. É acordada por um de seus filhos. Desta forma, ela acaba se casando com o rei, por mais que ele tenha abusado da garota enquanto estava adormecida.

Em Perrault, a princesa acorda quando um príncipe a descobre e, apaixonados, casam-se e criam um amor que tem como frutos uma filha chamada Aurora e um filho com o nome Dia. No entanto, o amado sai numa caçada, deixando a princesa e os seus filhos ao cuidado da sua mãe ciumenta, que até então não sabia da existência do casamento do filho. Esta é descendente de Ogres e as suas tendências canibais provocariam a morte destes três, se não fosse a compaixão de um cozinheiro, que engana a sua majestade com carnes de animais. Por fim, quando o seu filho chega e descobre as tentativas de destruir a sua família, a rainha suicida-se ao saltar para um tanque repleto de sapos, serpentes e víboras que tinha preparado para a princesa.

As segundas partes destas duas versões são consideradas por alguns folcloristas como contos distintos que foram unidos inicialmente por Basile.

A versão dos Irmãos Grimm termina logo após o encontro do príncipe. Assim foi criada uma integridade superior à dos contos anteriores que a tornou, em consequência, mais popular.

Em Ever After High, Briar Beauty é a filha da Bela Adormecida.


Filmes

A história também ficou muito conhecida através do filme produzido pela Disney em 1959, que conta uma história mais parecida com a versão dos Irmãos Grimm, apesar de possuir uma série de adaptações na história: Não são doze fadas que visitam o batizado da princesa, e sim três: Flora, Fauna e Primavera. No lugar de uma fada invejosa, retrata uma bruxa sombria chamada Malévola, que possui um castelo rodeado de trevas com seu próprio exército de monstros. Tanto as fadas quanto a bruxa permanecem presentes durante todo o filme. Além disso, o príncipe conhece a princesa assim que ela nasce, já que seus pais eram amigos dos pais dela e haviam decidido casamento entre seus filhos anteriormente. Outra mudança é que as três fadas querendo proteger a princesa recém-nascida, sequestram-na e levam-na para a floresta, onde criam-na disfarçadas de camponesas. A princesa sonha com o príncipe e só descobre que é filha do rei e da rainha ao completar dezesseis anos de idade, quando Malévola a atrai para um cômodo do castelo e a princesa fura o dedo no fuso de uma roca. Com a ajuda das fadas, o príncipe ainda derrota a própria Malévola transformada em dragão (que seria equivalente à mãe ogre das outras versões) e após beijar a princesa, o conto acaba com o casal dançando em vosso casamento e as três fadas indecisas sobre a cor do vestido da protagonista. Além disso, no filme a princesa é chamada de Aurora (assim como na versão de Tchaikovsky) e o príncipe de Filipe.

Em 2014 é lançado o filme Malévola, com inspiração no clássico de 1959 da Disney, narrado sob o ponto de vista da antagonista, a bruxa Malévola, encarnada por Angelina Jolie. Aqui conhecemos uma outra versão da história: Malévola costumava ser a mais poderosa protetora do Reino dos Moors, onde habitavam os seres fantásticos. Após sofrer por uma terrível traição do Rei Stefan, ela se vinga rogando uma maldição em sua filha, a Princesa Aurora. O que Malévola não contava é que desenvolveria um grande laço de afeto com Aurora, e consequentemente, arrepender-se-ia de sua própria maldição.


Televisão

No seriado Once Upon a Time há uma fusão entre as versões de Grimm, de Perrault e da Disney. Aurora é filha da Bela Adormecida e, assim como sua mãe, também sofre uma maldição do sono, dormindo um sono profundo na Floresta Encantada. O príncipe Philip, o amor verdadeiro da princesa, ajudado pela guerreira Mulan, a encontra e a desperta com o beijo de amor verdadeiro.


Referências

  1.  Por vezes também traduzido para inglês como Little Briar Rose, cuja tradução directa é O Pequeno Matagal de Rosas.
  2.  Contos de Grimm, vol.1, nº50
  3.  Giambattista Basile, Pentamerone, "Sun, Moon and Talia" Arquivado em 7 de junho de 2011, no Wayback Machine.
  4.  The Annotated Classic Fairy Tales (em inglês). [S.l.]: W. W. Norton & Company. 2002. ISBN 0-393-05163-3, pg.95.
  5.  Mal a beijou, a Bela Adormecida abriu os olhos, acordou e olhou-o com um ar doce. - Retirado de: Jacob e Wilhelm Grimm. Contos de Grimm. [S.l.]: Relógio D'Água. ISBN 972-708-392-7.
  6.  The Annotated Classic Fairy Tales (em inglês). [S.l.]: W. W. Norton & Company. 2002. ISBN 0-393-05163-3, pg.96.


Bibliografia

The Annotated Classic Fairy Tales (em inglês). [S.l.]: W. W. Norton & Company. 2002. ISBN 0-393-05163-3
Jacob e Wilhelm Grimm. Contos de Grimm. [S.l.]: Relógio D'Água. ISBN 972-708-392-7


30 setembro, 2019

A Verdadeira História de A BELA E A FERA


Foi no século XVIII que surgiu o conto de fadas A Bela e a Fera em uma publicação anônima de Gabrielle-Suzanne Barbot de Villeneuve, mais conhecida como Madame de Villeneuve, que em 1740 publicou em um jornal francês voltado para contos, a história original de A bela e Fera, o qual possuía mais de 300 páginas.

A história da Bela e Fera foi reescrita em 1757 por Jeanne-Marie Leprince de Beaumont, conhecida como Madame Leprince de Beaumont, porém ela ocultou alguns fatos da história principalmente os de teor erótico. Por ter jovens meninas como seu público principal, com isso romantizou o conto de Madame de Villeneuve criando bastante polêmica na época por censurar a obra.

Em 1991, a produtora Walt Disney transforma a história reescrita para a que conhecemos atualmente. Sendo produzidas diversas versões desde desenhos animados até chegar à última em 2017, trazendo no elenco a Emma Watson interpretando Bela.

Imagem dos personagens do filme A Bela e a Fera
de 2017 e 2004
Agora, se eu disser que a história original não tem como lição de moral que devemos amar a aparência interior de vez a exterior, você acreditaria? A versão original narra, dentro de uma história fictícia, como as mulheres idosas eram tratadas pela sociedade, que naquele momento era a realidade da autora.


GABRIELLE-SUZANNE BARBOT DE VILLENEUVE

Nascida em Paris no ano de 1685 que aos 21 anos se casou com o Monsieur Villeneuve, a qual herdou o título de Madame de Villeneuve, porém a vida de casada durou pouco e enviuvou cedo. Tendo que buscar a sua sobrevivência, Madame de Villeneuve mudou-se para a residência do escritor, poeta e dramaturgo Crébillon, a qual os dois mantinham secretamente um relacionamento íntimo, mas para a sociedade ela era somente uma secretária e governanta da casa.

Com 45 anos, pela influência de Crébillon começa a escrever romances, mas é o conto publicado em “La jeune américaine” que fez mais sucesso na época, o qual conta a história de A bela e a Fera.


UMA NOÇÃO DA HISTÓRIA ORIGINAL (1740)

Como o livro original não possui tradução para o português, todo o conteúdo abaixo é um compilado de diversas resenhas do livro.

A história se baseia na vida de uma fada idosa. No mundo das fadas, quanto mais velhas for uma pessoa mais respeitável elas se tornam, porém uma fada na sua idade madura (nem tão idosa, nem tão nova) se apaixona por um rei e através do amor deles nasceu uma pequena menina. Esta é punida do mundo das fadas e deixam-na para ser criada por um comerciante, em um pequeno vilarejo da frança, a menina cresce com uma beleza inigualável fazendo que todos a apelidaram de Bela (Belle em francês).

Neste mesmo tempo, uma jovem rainha cria o seu mais lindo príncipe com todo o conforto que o palácio pode oferecer, porém a rainha o abandona e o deixa para as fadas cuidarem. Quando o príncipe esta perto de completar seus dezessete anos, a fada que ficou encarregada de cuidar dele se afasta um por um tempo, e ao retornar algo incomum acontece, pois todo o sentimento maternal e de proteção que a fada possuía pelo príncipe se transforma em desejo carnal. A rainha intervém aos planos da fada de conquistar o príncipe e não o concede a fada o seu amado filho, por causa da idade que dela.

Ilustração do livro original de A Bela e a Fera
Furiosa, a fada lança uma maldição em cima do rapaz que o tornaria feio e repugnante, mas somente quando uma mulher aceitasse dormir com ele, por livre escolha, a maldição seria quebrada.

Com o passar do tempo o príncipe vira uma Fera rude e mal educada, até que um dia o pai de Bela acabada encontrando o seu castelo, após enfrentar uma terrível tempestade. A Fera permite que ele passe a noite em seu castelo, mas ao amanhecer ele precisará ir embora.

Assim que o sol nasceu, o pai de Bela vai até o estábulo pegar o seu cavalo e ao sair do palácio encontra uma linda roseira e apanha uma para levar a sua filha Bela. Assim que ele arranca a rosa do pé, a Fera surge da mata enfurecida pelo tamanho desrespeito e como punição decide que o pai de Bela deve morrer pelo seu ato. A sua decisão só muda quando o comerciante comenta que a flor era para sua filha mais nova.

A Fera propõe um acordo com o comerciante, que ele teria um mês para voltar e cumprir a sua punição, ou enviar a sua filha no seu lugar para que ela morresse no lugar dele. Ao chegar em casa, o comerciante, conta a família o ocorrido e todos os seus sete filhos e seis filhas ficam horrorizadas com o que acabará de acontecer.

Bela não aceitou que o seu pai morresse por causa de seu pedido e decide fugir para o castelo e tomar o lugar de seu pai. Ao chegar lá, a Fera pergunta se ela veio por livre escolha e confirmando que sim, Bela é aceita pela Fera. Mas, para Bela ficar no seu lugar ela teria que encontrar a Fera todas as noites, no mesmo horário, precisará ficar esperando a fera para jantarem juntos.

Ilustração do livro original de A Bela e Fera
Com o tempo, Bela vai perdendo o medo da fera e ele percebendo pergunta se ela deseja dormir com ele. Assustada, o responde que não. A Fera saí do cômodo enfurecida, mas na mesma noite Bela passa a ter sonhos pecaminosos com um lindo príncipe, o qual não deseja mais acordar. No próximo dia à noite, a fera a encontra novamente e faz a mesma pergunta: Bela quer dormir comigo? Ela novamente o responde que não.

Depois de alguns dias, Bela vai se apaixonando pela Fera e aceita dormir com ele. Após uma noite de amor inesquecível a Fera, após o ato, se transforma em um lindo homem.

A rainha vendo que o seu filho voltou a ser humano passa a não aprovar a relação entre ele e a Bela, por ela ser filha de um comerciante. Com isso, a fada velha revela o parentesco de Bela para a rainha, que é fruto de uma noite de amor da fada com rei da Índia, que ela após o seu nascimento foi expulsa do mundo das fadas. Depois de ter explicado que Bela também vem de uma boa linhagem, a rainha passa a aprovar o casamento dos dois.

No fim da história a fada ainda sofre algumas perdas, porém o motivo não foi revelado.

Vamos abrir um parêntese para fazer um comentário. Vou deixar abaixo dois trailers de duas versões bem diferentes de A Bela e a Fera, uma delas é a versão Disney em que romantizou para os dias atuais a história que Madame Leprince de Beaumont escreveu. Já a segunda versão é baseada na história original de Madame de Villeneuve, porém como foi feita em 2014, possui censura, mas o roteiro se aproxima bastante da história original.

TRAILER DA BELA E A FERA (2017)
Versão Disney


TRAILER DA BELA E A FERA (2014)
Versão inspirada na história original de Madame Leprince de Beaumont.


Publicitária apaixonada por filmes e seriados. Amante de livros e adoradora de viagens.


24 agosto, 2019

PERDIDOS

Um vento forte açoitava o deserto, onde a visibilidade era praticamente nenhuma. Nuvens de areia varriam o ar de um lado para o outro impiedosamente. Não se podia saber se era noite ou dia, pois o ar carregado obscurecia tudo, deixando todo o local em penumbra.

Anne acordou tossindo, cuspindo a areia que entrara por suas narinas, enquanto sentia o chicotear insistente da nervosa nuvem, que parecia querer lhe arrancar a pele dos ossos. Puxou a camisa, cobrindo boca e nariz, numa tentativa de conseguir respirar direito. A camisa ajudou um pouco e Anne podia respirar sem se engasgar com a poeira, mas, ainda assim, dificultosamente. Tateou ao redor e sentiu algo. Foi tateando e apalpando e percebeu que era um braço. Puxou com muito esforço para junto de si a pessoa que parecia estar meio enterrada na areia. Sentia que era Jota. Sabia que ele estava vivo, muito embora não esboçasse qualquer reação.

De repente, aquele corpo soltou um gemido, que Anne não teve certeza de ter realmente escutado, pois o barulho ensurdecedor da tempestade de areia zunia insistentemente e abafava qualquer outro som. 

Anne puxou a camisa de Jota, colocando-a sobre seu rosto, da mesma forma que fizera consigo. A diferença é que se preocupou em cobrir-lhe também os olhos, pois sabia que ele poderia ter o impulso de abri-los e a areia poderia machucá-los seriamente.

A tempestade parecia que não acabaria e Anne esforçava-se para pôr-se de pé e caminhar, arrastando Jota consigo, mas tudo era mais difícil ali, no meio de toda aquela areia impiedosa. Anne caía a todo momento, mas tinha certeza que se permanecessem ali, seriam os dois enterrados vivos. Era preciso continuar andando. 

Alguns poucos metros pareciam centenas, tamanho era o esforço. Até que simplesmente não tinha mais forças para seguir em frente, ou ficavam ali ao sabor da sorte, ou tentava seguir sozinha, sem Jota e isso ela não faria de forma alguma.

Anne desanimava e se desesperava. Não tinha nem mais forças para chorar. Suas lágrimas, que audaciosamente desciam de seus olhos, simplesmente eram consumidas pela areia feroz. Abraçou Jota com o resto de forças que tinha, procurando protegê-lo da melhor forma que pudesse, enquanto buscava esconder seu próprio rosto, cuja camisa lhe escapava a todo instante.

Foi em meio a essa desesperada luta que parecia inútil, que algo pareceu se mover através da areia. Entrecortados por jatos mais ou menos intensos, algumas sombras vinham lentamente na direção de Anne. Aos poucos os vultos foram tomando forma e logo se revelaram alguns homens muito bem protegidos por mantos, que faziam sinais uns para os outros. Um deles tentou pegar Jota, mas Anne interveio surpresa, sem saber o que estava acontecendo. Todos pararam onde estavam e Anne escutou em sua mente:

– Paz! Amigo… nós amigo… nós ajuda.

Anne sentiu uma confiança enorme abraçar seu coração. Era uma certeza e uma leveza que, ao mesmo tempo que a deixava à vontade, também lhe dava segurança e alívio. Não sabia quem eram, mas sentia que diziam a verdade. Estava exausta e diante da segurança que os homens transmitiam, Anne deixou-se relaxar. Meneando a cabeça, perdeu os sentidos.

Os homens os abraçaram, os enrolaram em mantos e, pondo-os no colo, os levaram através da areia ondulante, que voava de um lado para o outro. Logo, viam-se apenas os vultos atravessando a tempestade, até sumirem de vez no turbilhão de areia.

Trecho de 

26 junho, 2019

Dialética Tardia

As largas portas entreabertas e convidativas
Espreitam a inconsciência atrevida,
Que sugere idiossincrasias circenses
E adoráveis horas de insensatez,
Enquanto subimos e descemos fugazes
Sonhos, nuvens e paladares insones.

27 maio, 2019

A Senda

O caminho é o limiar
Ocultos permanecem os portais
Oro boros guarda serena
Os segredos sagrados
O adepto insiste determinado
O trilhar é derradeiro caminho
O cajado, apoio e sabedoria
O livro, páginas de dias
Os anos, insignificantes instantes
O momento, a eternidade
O início é o fim
O fim, novo princípio
O prêmio, a vida
O preço, a morte
O nascimento e a alegria
O sábio.