O que esperar do futuro do eterno país do futuro, que mais parece sem futuro, diante da falta de uma valorização real das aptidões das pessoas em seu processos individuais de educação, quando a própria educação, cujo princípio e proposta é até boa, mas foi sucateada pela corrupção tão vil que assola o Brasil desde sempre, não está voltada para o indivíduo e suas aptidões particulares?
É preciso que se humanize a educação, senão a maior parte de nós continuará no fundo deste abismo sombrio, olhando para cima, para os poucos bem-educados e cultos, uns se considerando quase deuses e outros presos ao complexo das impossibilidades; tudo isso parte de um espetáculo torpe, que mimetiza a real condição em que todos inebriadamente se encontram, num país eternamente de farrapos educacionais, institucionais, culturais e sociais, que vive o carnaval de que tudo está bem e - pior! - que se é o suprassumo da raça humana, muito embora se busque valorizar tudo que venha de fora, menos o que realmente vale a pena de ser copiado.
O Brasil é refém de si mesmo, de suas próprias armadilhas orgânicas, onde se deita em berço esplêndido, não necessariamente confortável, mas eternamente atado à preguiça de se fazer diferente, de se reformar, consertando seus defeitos, sempre calcado no indesviável humanismo e valorizando de verdade as tantas qualidades reais e preciosidades naturais que tem.
Agora, essas e quaisquer outras mudanças na estrutura social só vão acontecer, quando cada indivíduo se responsabilizar e se dedicar em promover esta mudança em si e em seus próprios conceitos, padrões e paradigmas. A estrutura não muda, se a base - os indivíduos que a compõem - não mudar antes. Não existe milagre e nada vai mudar, se as pessoas que compõem a sociedade permanecerem escravas de (pre)conceitos e paradigmas inúteis, que não promovem um avanço em direção à empatia e a busca de uma vida melhor para todos.
E qual a importância do ator, assim como da própria Arte em si mesma, nesse processo? Ela é a "entidade", a vertente criativa, que nos mostra outros pontos de vista, que nos oferece a possibilidade de expandir nossas percepções, de entender melhor o quadro geral. A Arte nos convida a ir além de nosso diminuto e insuficiente ponto de vista diante da realidade, realidade essa, cuja abrangência é sempre maior do que podemos imaginar. Ir além de nossas próprias e costumeiras concepções, nos permitir entender essa crescente abrangência dentro de nossa capacidade também crescente de percepção, é a chave para continuarmos a crescer, a evoluir nesse processo o qual denominamos Vida.